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Setembro Amarelo: porque a gente precisa falar sobre equilíbrio emocional

Eu já quero começar esse texto problematizando e dizendo que eu não gosto do termo saúde mental, tá?! Pronto, falei! É que, na minha rasa compreensão da vida, quando a gente fala desse jeito, isso pressupõe que existe um estado de “saúde plena” da nossa cabeça. E no Brasil de 2023 eu real oficial quero que você me diga quem tá com “saúde” nesse quesito?!

Não ia ser bem melhor se a gente dissesse “equilíbrio emocional”, “condição mental” ou qualquer outra coisa do tipo? Se eu falo em equilíbrio, pelo menos pra mim, já meio que naturalizo o fato de ter alguns pontos que não vão tão bem, mas, no fim das contas, se tá tudo equilibrado, tá tudo certo. Agora, se falo em “saúde mental”, isso pode dar a entender que qualquer probleminha coloca essa suposta e quase sempre utópica saúde em cheque.

Bom, dito isso, acho que a gente pode começar a nossa pensata entendendo a importância que esse mês de setembro tem pra essa questão. O ano era 2015 quando a Associação Brasileira de Psiquiatria decidiu começar a campanha que se inspirou na história de um jovem que se suicidou em 1994 nos Estados Unidos. Ele ficou conhecido por ter restaurado um carro clássico, um mustang amarelo. Morreu com 17 anos de idade e, no velório dele, foi feita uma cesta cheia de cartões com fitas amarelas.

De lá pra cá o laço amarelo virou um símbolo de visibilidade desse problema que mata mais de 700 mil pessoas por ano no mundo. E quem diz isso é a Organização Mundial da Saúde. Sim, até a OMS tem se preocupado cada vez mais com o equilíbrio emocional das pessoas. Desculpa, gente, eu realmente tenho dificuldade de falar “saúde mental”. A própria OMS diz que o número de suicídios pode chegar a mais de 1 milhão se a gente levar em consideração os casos que não são registrados.

Caso você tenha ficado abismado com a história do garoto de 17 anos que decidiu tirar a vida, os números da OMS são ainda mais bizarros pra essa faixa de idade. O suicídio é a QUARTA causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos. Vocês conseguem entender o tamanho da bizarrice disso? Olhando pro Brasil, o número de suicídios aumentou inacreditáveis 43%. E isso foi de 2010 a 2019, antes da pandemia, que, só no primeiro ano, aumentou em 25% os casos de depressão e ansiedade no mundo inteiro.

Desculpa vomitar tantos números ao mesmo tempo aqui pra vocês, eu sei que é muito pra absorver de uma vez só, é que o assunto é urgente demais. Depois de tudo isso, entende como pode ser pesado “cobrar” saúde mental das pessoas? Olha pro lado e percebe que, se você não tá sofrendo com isso, alguém muito próximo provavelmente tá. Não seja um babaca que nega o sofrimento alheio. Não seja aquele que vai dizer coisas como “você não tem motivo pra tá assim”. Nessas horas, um braço estendido pode sim ser uma tábua de salvação. Ajude e, se precisar, permita ser ajudado.

Há anos eu, assim como tanta gente, sofro com crises de ansiedade e angústia. Sei muito bem a importância de ter com quem contar quando o peito aperta além da conta.

Ah, antes de terminar, quero falar uma coisa importante. Não acredita em tudo que você vê rolando o feed das suas redes sociais, tá?! Ali, parece que todo mundo tá impecavelmente feliz e o problema é só com você. Quando, na verdade, a maioria tá só tentando se igualar a um padrão de alegria inalcançável.

É um movimento que só piora a situação pra todo mundo porque quase ninguém tem coragem de levantar a mão e assumir que não tá bem. Isso significa que tá todo mundo mal da cabeça? Claro que não, mas normalizar o problema é preciso e, se for o caso, se dedicar a um tratamento. Mas como? Procurando um médico, um terapeuta, um parente, um amigo.

Por favor, não sofre sozinho. Levanta a mão e entende que os caminhos existem, por mais que às vezes seja difícil de enxergar. Um ponto de partida bem legal é o mapasaudemental.com.br. É um site onde você encontra bastante informação sobre como conseguir essa ajuda, inclusive de graça. Eu sou um privilegiado que posso pagar por uma consulta com um bom profissional ou um remédio caro, se precisar. Mas existem caminhos pra quem não tem essa sorte.

O telefone 188, do Centro de Valorização à Vida, tá sempre à disposição pra quem precisar conversar e o Caps (Centro de Apoio Psicossocial) mais perto da sua casa é também pra ser um lugar de acolhimento e de orientação. Desculpa se eu pesei um pouco o clima com tanta informação difícil. É que com tanta gente morrendo por perto, realmente não dá mais pra ficar fingindo que tá absolutamente todo mundo refletindo fielmente o que posta nas redes.

Tá tudo bem se a gente não tá bem. Acredita… por mais que pareça, você não tá sozinho. E eu preciso que você acredite: Viver sempre vai valer a pena!

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